Projeto usa líder tribal e fé para preparar negros para o mercado de TI

O Educafro Tech está desenvolvendo parcerias com empresas e incubadoras que atuam no setor de tecnologia de informação para formar e empregar a população negra e LGBT+

Por Tamires Rodrigues

O mercado de tecnologia de informação tem um alto potencial de geração de empregos no Brasil. Com o atual cenário de desemprego no país, a Educafro, organização que há 40 anos promove a inclusão da população negra em universidades públicas e particulares, percebeu que havia um campo a ser explorado. Foi assim que surgiu o Educafro Tech, projeto voltado para a formação e empregabilidade de negros, negras e LGBT+ no mercado de TI.

"Nós debatemos com as empresas sobre a exclusão do negro no mercado de trabalho. E todas as empresas disseram que não tinha negros se formando em TI. Então decidimos encarar o problema e criamos a Eduacafro Tech", conta Frei David Santos, diretor da associação.

A terceira turma do projeto conta com 60 alunos que farão uma imersão em estudos sobre TI e métodos ágeis. Dez vagas são destinadas a participantes quilombolas, indígenas e/ou de outros estados, com custeio de estadia. O projeto oferece laboratórios equipados e jantar para os participantes.

As aulas são realizadas num formato intensivo, onde os participantes aprendem técnicas, conceito e práticas de tecnologia da informação, conectadas com o debate sobre cidadania e questões étnico-racial.

"Queremos em três ou quatro meses oferecer pessoas preparadas com qualidade para as empresas", afirma.

A Educafro Tech estuda parceria com empresas para conseguir espaço de sala de aula para formar mais alunos. "A NovoLab, em São Carlos (interior de São Paulo), é uma incubadora que trabalha com 57 empresas e reservou espaço para 12 alunos do Educafro Tech. Eles vão poder vivenciar esse aprendizado dentro desse ambiente de tecnologia", diz Santos.

Para que os alunos tivessem uma maior identificação com o conteúdo, os professores do projeto Edimilson Nascimento e Luiz Augusto criaram uma metodologia própria que foi inspirada no chefe tribal Shaka Zulu.

 

 

Representação de Shaka Zulu de 1824 (Reprodução)

 

"Na sua época, Shaka Zulu (1787-1828) criou algumas inovações e estratégias militares. Os mais fortes faziam a base, os mais velhos faziam a retaguarda e davam conhecimento aos outros. Então a gente pensou: 'cara, isso é manifesto ágil'. Eu sou de informática e vi toda estrutura do ágil naquilo. Por que não batizar a nossa metodologia de Shaka Zulu? É preciso ensinar forte, rápido e embasado, que só assim consigo dar emprego para essas pessoas", diz Nascimento.

Segundo os professores, uma das maiores dificuldades nas aulas não é ensinar a técnica, e sim fazer com que seus alunos consigam se enxergar no mercado de trabalho de TI e como programadores. Pensando nisso, eles criaram um ritual nas duas primeiras semanas de curso para que eles consigam estabelecer um vínculo com a turma e auxiliar na evolução de aprendizagem.

"A gente usa um tempo pequeno para dois atos de fé. O primeiro ato de fé é para aquelas pessoas que acabaram de nos conhecer acreditarem de verdade que em duas semanas eu e o Edi seremos capazes de ensinar lógica de programação para eles. O segundo ato de fé é o mais importante: é as pessoas acreditarem que em duas semanas elas serão capazes de aprender lógica de programação. Se esses dois atos de fé forem cumpridos, não vai ter problema que a gente não resolva", afirma Luiz Augusto.

Apesar do pouco tempo que o projeto existe, os professores já conseguem ver transformações sendo feitas nesse processo, com alunos que conseguiram entrar no mercado de trabalho.

"Uma aluna era gerente-geral de uma loja, que passou por uma reformulação. Aí ela ficou desempregada. Mesmo sendo uma pessoa com muita experiência e ter feito muitos cursos, não conseguiu recolocação. Ela ficou apavorada e decidiu mudar de ramo. Foi quando ela viu a proposta de profissionalizar negros no TI e abraçou a ideia. Hoje ela está indo muito bem como programadora", diz Santos.

Postado originalmente em: https://quebradatech.blogosfera.uol.com.br/2019/12/18/projeto-usa-lider-tribal-e-fe-para-preparar-negros-para-o-mercado-de-ti/


Educafro-Equipe-do-projeto-Educafro-Tech

Projeto usa líder tribal e fé para preparar negros para o mercado de TI

Educafro-Equipe-do-projeto-Educafro-Tech

 

O Educafro Tech está desenvolvendo parcerias com empresas e incubadoras que atuam no setor de tecnologia de informação para formar e empregar a população negra e LGBT+

Por Tamires Rodrigues

O mercado de tecnologia de informação tem um alto potencial de geração de empregos no Brasil. Com o atual cenário de desemprego no país, a Educafro, organização que há 40 anos promove a inclusão da população negra em universidades públicas e particulares, percebeu que havia um campo a ser explorado. Foi assim que surgiu o Educafro Tech, projeto voltado para a formação e empregabilidade de negros, negras e LGBT+ no mercado de TI.

"Nós debatemos com as empresas sobre a exclusão do negro no mercado de trabalho. E todas as empresas disseram que não tinha negros se formando em TI. Então decidimos encarar o problema e criamos a Eduacafro Tech", conta Frei David Santos, diretor da associação.

A terceira turma do projeto conta com 60 alunos que farão uma imersão em estudos sobre TI e métodos ágeis. Dez vagas são destinadas a participantes quilombolas, indígenas e/ou de outros estados, com custeio de estadia. O projeto oferece laboratórios equipados e jantar para os participantes.

As aulas são realizadas num formato intensivo, onde os participantes aprendem técnicas, conceito e práticas de tecnologia da informação, conectadas com o debate sobre cidadania e questões étnico-racial.

"Queremos em três ou quatro meses oferecer pessoas preparadas com qualidade para as empresas", afirma.

A Educafro Tech estuda parceria com empresas para conseguir espaço de sala de aula para formar mais alunos. "A NovoLab, em São Carlos (interior de São Paulo), é uma incubadora que trabalha com 57 empresas e reservou espaço para 12 alunos do Educafro Tech. Eles vão poder vivenciar esse aprendizado dentro desse ambiente de tecnologia", diz Santos.

Para que os alunos tivessem uma maior identificação com o conteúdo, os professores do projeto Edimilson Nascimento e Luiz Augusto criaram uma metodologia própria que foi inspirada no chefe tribal Shaka Zulu.

 

 

Representação de Shaka Zulu de 1824 (Reprodução)

 

"Na sua época, Shaka Zulu (1787-1828) criou algumas inovações e estratégias militares. Os mais fortes faziam a base, os mais velhos faziam a retaguarda e davam conhecimento aos outros. Então a gente pensou: 'cara, isso é manifesto ágil'. Eu sou de informática e vi toda estrutura do ágil naquilo. Por que não batizar a nossa metodologia de Shaka Zulu? É preciso ensinar forte, rápido e embasado, que só assim consigo dar emprego para essas pessoas", diz Nascimento.

Segundo os professores, uma das maiores dificuldades nas aulas não é ensinar a técnica, e sim fazer com que seus alunos consigam se enxergar no mercado de trabalho de TI e como programadores. Pensando nisso, eles criaram um ritual nas duas primeiras semanas de curso para que eles consigam estabelecer um vínculo com a turma e auxiliar na evolução de aprendizagem.

"A gente usa um tempo pequeno para dois atos de fé. O primeiro ato de fé é para aquelas pessoas que acabaram de nos conhecer acreditarem de verdade que em duas semanas eu e o Edi seremos capazes de ensinar lógica de programação para eles. O segundo ato de fé é o mais importante: é as pessoas acreditarem que em duas semanas elas serão capazes de aprender lógica de programação. Se esses dois atos de fé forem cumpridos, não vai ter problema que a gente não resolva", afirma Luiz Augusto.

Apesar do pouco tempo que o projeto existe, os professores já conseguem ver transformações sendo feitas nesse processo, com alunos que conseguiram entrar no mercado de trabalho.

"Uma aluna era gerente-geral de uma loja, que passou por uma reformulação. Aí ela ficou desempregada. Mesmo sendo uma pessoa com muita experiência e ter feito muitos cursos, não conseguiu recolocação. Ela ficou apavorada e decidiu mudar de ramo. Foi quando ela viu a proposta de profissionalizar negros no TI e abraçou a ideia. Hoje ela está indo muito bem como programadora", diz Santos.

Postado originalmente em: https://quebradatech.blogosfera.uol.com.br/2019/12/18/projeto-usa-lider-tribal-e-fe-para-preparar-negros-para-o-mercado-de-ti/


A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro em parceria com a Educafro

A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro em parceria com a Educafro.
Estará celebrando o encerramento do mês da Consciência Negra e para tanto convidam para o seminário Justiça Para Quem? reflexões para realizar o acesso à justiça. O mesmo ocorrerá no auditório da FESUDEPERJ localizado na Av. Marechal Câmara, 314 - 4° andar - Centro - RJ - no dia 06/12 das 09:00 às 18:00.
O evento contará com a presença do Presidente da Educafro - Frei David
Serão emitidos certificados com 7 horas de estágio conferidas pela OAB aos/as estudantes de direito.